RESUMO Neste texto, tratamos de como a linguagem literária pode fazer-se espaço de abertura e resistência em meio a práticas escolares rotineiras nos currículos formais. Metodologicamente, entrecruzamos literatura e educação: de um lado, recolhemos registros de práticas de leitura e escrita, protagonizadas à margem do sistema, em escolas públicas do Rio Grande do Sul; de outro, tomamos como objeto de análise o “acontecimento literário”, articulando pontos de afetação entre texto e narrativa. Roland Barthes, Michel Foucault, Walter Benjamin, Alberto Manguel e Clarice Lispector sustentam nossas análises teórico-metodológicas. Por fim, apostamos na potência do gesto literário como experiência de formação, já que a literatura promove outras formas de aprender, desloca o sentido e a direção do ensino, altera relações formais com o tempo e o espaço escolar, remaneja lugares de saber e não-saber, colocando em questão o que somos e aquilo em que nos tornamos.
ABSTRACT In this paper, we discuss how literary language can become a space of openness and resistance amid routine school practices in formal curricula. Methodologically, we interweave literature and education. On the one hand, we have collected records of reading and writing practices in public schools of Rio Grande do Sul, Brazil. On the other hand, we take the “literary event” as the object of analysis, crossing different paths between text and narrative. Theoretical-methodological analyzes are based on authors such as Roland Barthes, Michel Foucault, Walter Benjamin, Alberto Manguel, and Clarice Lispector. We conclude that the power of the literary gesture as a bildung experience promotes other ways of learning, shifts the way and the direction of teaching, changes the formal relationship with the school time and school, redistributes spaces of knowing and not knowing, thus questioning what we are and what we have become.
RESUMEN En este texto, tratamos de cómo el lenguaje literario puede hacerse espacio de apertura y resistencia en medio de prácticas escolares rutinarias en los currículos formales. Seguimos un recorrido metodológico en el que entrecruzamos literatura y educación: por un lado, recogemos registros de prácticas de lectura y escrita, protagonizadas al margen del sistema, en escuelas públicas de Rio Grande do Sul, Brasil; por otro, adoptamos como objetivo de análisis el “hecho literario”, articulando puntos de afectación entre texto y narración. Roland Barthes, Michel Foucault, Walter Benjamin, Alberto Manguel y Clarice Lispector sostienen nuestros análisis teórico-metodológicos. Para concluir, apostamos en la potencia del gesto literario como experiencia de formación, pues: promueve otras formas de aprender, desplaza el sentido y la orientación de la enseñanza, altera relaciones formales con el tiempo y el ambiente escolar, reorganiza lugares de saber y no-saber, planteando la cuestión de lo que somos y en lo que nos convertimos.